sexta-feira, março 10, 2006

Rua Fresca, parte da história


A Praceta, Rua Fresca

(Nomes das personagens ficticios..)

Morava no r/c na unica entrada de predio com vista para o estadio de futebol da rua fresca. Vizinho do Calinas, Zanagas, Bisnagas, Carlitos, Andre e Gabriel na porta ao lado (limite da rua fresca e inicio da rua dos lá de baixo eternos rivais e vistos como arruaceiros). A praceta tinha umas traseiras com algumas arvores de fruto como nespereiras - Eriobotrya japonica e pessegueiros - Prunus persica tinha tambem fácil e rapido acesso ás traseiras (dos outros) cheias de ameixoeiras - Prunus pissardii , nêsperas e pessegos. Tudo material que era assaltado de tempos a tempos por nós e que tinhamos de defender dos outros putos todos.

Desde pequeno que via festas serem feitas naquele espaço, festas de Sto Antonio São João e São Pedro, com fitas , musica, chouriçada e danceteria! A eletricidade vinha da casa do Paulo e as fitas estavam por todo o lado. É verdade, nessa altura os mais velhos faziam ali umas fogueiras enormes e aparecia muita gente de outras pracetas vizinhas.

Depois à medida que o tempo foi passando esse ambiente foi mudando, retiraram 2 caixotes grandes e vermelhos de metal iguais aos que se usam nos transportes maritimos e que costumam ser usados nos comboios de mercadorias, que serviam para as brincadeiras (acho que eram do tio do calinas, um senhor magro e fumador que parecia um personagem dos marretas), eram quentes e normalmente estavam cheias de ninhos de vespas no seu interior entrar lá dentro era um must de adrenalina.
Assim, aquele parque de estacionamento em Ó tornou-se mais um estádio de futebol do que palco de dança, um dos maiores estádios da zona. As janelas de minha casa que o digam pois de tempos a tempos estavamos a levar com petardos de bola nos vidros.
No túnel em direcçao à casa da Jaci havia quem fosse à serra buscar carrascos - Quercus coccifera e lenha boa para a fogueira feita de cascas de eucalipto Eucaliptus globulus. A reputação de ter muita lenha e ter uma boa fogueira que durasse muito tempo era um ponto alto da coisa.
Eu olhava para akilo e achava "estes gajos são malukos" tanto trabalho para depois arder tudo na fogueira... mal sabia eu o futuro...

Assim que comecei a sair mais à rua havia já um grupo que estava sempre a jogar à bola na praceta, ou no túnel.
Eu para além de outras brincadeiras da altura comecei a dedicar-me ás fogueiras, a ir à serra buscar carrascos cheio de entusiasmo juntamente com o Pedro B. e Tiago M., a ir à lixeira da tap apanhar latas e a "brincar" com as meninas, pois não gostava muito de futebol.
Ás vezes havia incêndios na serra, parecia um vulcão a arder, durante a noite espreitávamos de cima do muro da quinta e ficavamos por ali a ver. Durante o dia la iamos tentar apagar os fogos com ramos de arbustos feitos de Giestas - Cytisus scoparius , era uma festa aquilo, todos sujos de cinza chegavamos a casa cansados mas satisfeitos pelo que tinhamos feito. Um dia apareci na tv por detrás dos bombeiros que estavam a ser entrevistados por causa de um fogo na serra, parecia o emplastro, mas mais morenaço e com dentes...

Nessa altura o vício pelo fogo começava a circular nas veias, um dia antes da fogueira dos santos populares, estava eu ali a queimar uns plásticos que deitam pingos de chama, em cima da palha seca em frente ao muro da quinta. Achava que dominava aquilo, por isso continuei a queimar pequenos bocados, até que... de repente não consigo apagar uma daquelas chamas que começa a alastrar por ali acima!! A S. irmã do Pedro que estava por ali desata a correr e a gritar em altos berros para a vizinhança toda que ja estava a vir á janela! foi ele*** foi ele***!!.. ouço as sirenes dos bombeiros e pensei k ia ser preso ou algo assim, os vizinhos perto do predio da Jaci de mangueira e baldes iam tentando apagar akilo e evitar que as chamas passassem para dentro da quinta...antes que os bombeiros chegassem (nao sei se chegaram ou nao) fugi dali rapidamente, nesse dia só cheguei a casa muito tarde com receio de levar um valente tabefe.

Como a praceta era maioritariamente sportinguista ganhei afinidades com o sporting, fui a alguns, poucos, jogos no estádio nacional onde com a ajuda do Pedro G. entrava junto das pessoas mais velhas sem pagar bilhete, era uma confusão.

Mais tarde começaram a surgir pinturas a spray nos tuneis da rua fresca, e eu achei k devia deixar um contributo, por isso apanhava autocarros da vimeca, entrava, fazia um tag rua fresca no maior numero de bancos possiveis e depois saía e apanhava outro, passava umas horas nesta brincadeira.

Muitos jogos de futebol, muita cacetada, alguns vidros partidos, alguma porrada, o calinas a chorar , todos a fugirem dos cães da quinta da velha, outros a fugir de cima do poço da quinta e alguém a atirar-nos tiros (diziam-nos que eram de sal....) era assim passado grande parte das nossas férias. Corridas de carro e de caricas em cima dos passeios que acabavam muitas vezes á porrada com carros e caricas pontapeadas pelo adversário.

Esta era parte da Rua Fresca que me rodeava.

5 Comments:

Blogger lidia said...

Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bom!
Faço parte dos lá de abixo, os tais dos arruceiros, apesar da placa do meu prédio ser o inicio da tua praceta! A minha infância foi mais ou menos igual, lembro-me disso tudo!!!!!
O Calinas permanecerá sempre no nosso imaginário, afinal a vida dela não foi em vão, como se julga. Já não me lembrava que ele era lamechas, mas lembrei-me que lhe chamávamos Luís, o nome de certidão. Olhando para trás concluímos que os lá de baixo e os da Rua Fresca eram iguais: lagartos, levam com tiros (do 250 pai da freira), faziam fogueiras (lá em baixo era ao lado da casinha da passa), fazima corridas de carros de rolamentos, e partiam muitos vidros. Lá em baixo tínhamos também animais ferozes de estimação, a fani e o avante! Para nós não havia SR. Martins mas tínhamos a D. Piedade e a D. Amélia, mãe do Pardal. Bons tempos.
Como é que se fazem links?!?!

3/10/2006 07:49:00 da tarde  
Blogger JLN said...

Mi engana k eu gosto!..

3/11/2006 01:39:00 da manhã  
Blogger lidia said...

eu sei...!

3/11/2006 05:34:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Adorei este teu texto...
ealmente mostra uma infância que vivi e que me recordo com felicidade.
Pena hoje os locais que em tempos brincámos estem totalmente transformados, uns são agora parques de estacionamento, outros são prédios, td mudou...
Sinto um pouco de tristeza em pensar que infância como a nossa, os nossos futuros filhos não vão ter...
Viva a Rua Fresca e a Praceta António Aleixo

3/11/2006 07:02:00 da tarde  
Blogger lidia said...

A praceta António Aleixo continua lá...a Rua Freca é que tem um prédio cor-de-rosinha uma bocado ridículo...é pena, para vocês!

3/13/2006 08:46:00 da tarde  

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